
Mas esta ascensão do Mirassol não é fruto do acaso. É o resultado de um projeto estruturado, de uma visão clara e, sobretudo, da chegada de um homem que conhece como poucos as exigências do futebol de alto nível: Paulinho, o antigo internacional brasileiro que brilhou no Barcelona, no Guangzhou Evergrande, da China, e no Corinthians. O fenómeno Mirassol: Um projeto fora da caixa que conquista o Brasil.
Paulinho encerrou a carreira dentro das quatro linhas em 2024. Para muitos, seria o momento de uma despedida tranquila, mas o médio que encantou a Seleção Brasileira decidiu escrever um novo capítulo. Aceitou o desafio de pensar o futebol a partir de dentro da estrutura, primeiro como coordenador técnico e, pouco depois, como executivo de futebol do Mirassol.
Na prática, Paulinho tornou-se a peça que liga a gestão à realidade do balneário. A sua experiência internacional, a cultura competitiva que transporta dos maiores palcos e o prestígio junto de atletas e treinadores são hoje ativos valiosos.

Paulinho não entra mais em campo, mas a sua mão sente-se em cada contratação criteriosa, em cada decisão estratégica e na identidade de um Mirassol que joga sem medo, com alegria e disciplina.
O fenómeno Mirassol nasce de uma visão clara: não viver apenas de momentos, mas construir um projeto sustentável. Investimento em estrutura, capacidade de planeamento e aposta na formação são pilares de um clube que se recusa a ser figurante.
A presença de Paulinho trouxe credibilidade imediata. Ele sabe que o futebol não se faz apenas de grandes orçamentos, mas sim de organização, convicção e talento bem aproveitado. No interior paulista, o Mirassol é agora símbolo de que é possível desafiar os gigantes sem perder identidade.
Para os adeptos portugueses, habituados a olhar para o Brasileirão como um campeonato dos grandes colossos — Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Corinthians —, o Mirassol é quase uma anomalia feliz. Talvez a comparação mais próxima seja o Boavista campeão nacional em 2001: um clube fora do eixo tradicional que ousou sonhar e mostrou que a hegemonia pode ser desafiada.

A diferença é que, aqui, há também uma figura de renome mundial a dar rosto ao projeto. Paulinho é conhecido dos portugueses: jogou contra a Seleção, brilhou em noites de Liga dos Campeões e vestiu a camisola do Barcelona. Agora, ele usa essa bagagem para abrir caminhos num clube que, de outra forma, talvez nunca tivesse esta projeção.
O Mirassol não é apenas uma boa campanha. É a prova viva de que o futebol ainda tem espaço para histórias de superação, para novos protagonistas e para a coragem de sonhar alto.
Num Brasil tantas vezes dominado pelas máquinas financeiras dos grandes clubes, o pequeno Mirassol oferece frescura, emoção e um lembrete de que o jogo continua a ser, acima de tudo, paixão.
E no centro desta história está Paulinho, que trocou os relvados da elite mundial pelos bastidores de um clube emergente. Uma escolha que diz muito sobre ele e ainda mais sobre o futuro que o Mirassol ambiciona. Porque, no fim, é essa visão — de dentro para fora, do coração para o campo — que está a transformar este clube numa das mais belas histórias do futebol brasileiro atual.
O fenómeno Mirassol: Um projeto fora da caixa que conquista o Brasil






