Quanto custa ser campeão?

Ainda com todo o mês de agosto para as últimas “afinações” de plantel – e mais os dias que restam de julho – o Benfica já vai, por esta altura, com um investimento de 60 milhões de euros no seu plantel profissional. E, diz-se, ainda faltam chegar “trutas” como João Félix, Ivanovic e Moussa. Pelo menos, claro. Porque o mais provável é que, para além deste trio, ainda chegue mais alguém.

Mas mesmo partindo do princípio de que virão apenas mais estes três, estaremos a falar de uma média de investimento de, no mínimo, mais 20 milhões para cada um deles. Sendo que, no caso de Félix, o valor será apenas referente a 50% dos seus direitos económicos. Ou seja, Benfica e Chelsea estarão a valorizar o jogador em 40 milhões de euros. Se o valor se ficar, reforce-se, pelos tais 20 milhões de euros por “meio Félix”.

Ora, mesmo que ainda venham ‘apenas’ estes três, o investimento das águias para o plantel 2025/26 já irá crescer para 120 milhões – o que passa a constituir um novo recorde no futebol português. Nunca uma equipa investiu tanto numa só temporada.

E isto chega para ser campeão? Obviamente que não. São raras as vezes, aliás, em que o campeão nacional é aquele que investe mais. Vejamos, por exemplo, o que aconteceu nas últimas cinco temporadas.

2020/21
Benfica: 115M
FC Porto: 25M
Sporting: 42M (campeão)

2021/22
Benfica: 25M
FC Porto: 36M (campeão)
Sporting: 39M

2022/23
Benfica: 84M (campeão)
FC Porto: 51M
Sporting: 53M

2023/24
Benfica: 106M
FC Porto: 58M
Sporting: 59M (campeão)

2024/25
Benfica: 82M
FC Porto: 68M
Sporting: 59M (campeão)

E em que se traduziram, afinal, estes investimentos? O Benfica conquistou uma Liga, o FC Porto conquistou outra e o Sporting venceu… três.

Isto é, a equipa que menos dinheiro investiu nos últimos cinco anos foi aquela que mais ganhou. O Sporting já provou ser possível que uma equipa se pode sagrar campeã gastando apenas 42 milhões e o FC Porto conseguiu o mesmo, neste período de análise, contratando apenas no valor total de 36 milhões.

O investimento sem travões que as águias estão a fazer neste verão – onde dificilmente deixará de ultrapassar os 125/130 milhões de euros, não quer dizer, como já se viu, que isso valha a conquista do campeonato. Quer dizer, sim, que Rui Costa volta a gastar uma fortuna e a provar que a política desportiva do Benfica tem a lógica… de uma batata.

E nem é preciso fazer grande prova disso, porque os factos atestam-no na perfeição. Na época 2023/24 (há apenas dois anos, portanto), o Benfica contratou (em definitivo ou por empréstimo)… 11 jogadores. Caro leitor, desses 11 jogadores que aqui aterraram no verão de 2023 sabe quantos fazem hoje parte do plantel de Bruno Lage? Apenas dois: Aursnes e Prestianni.

Os outros nove que já não moram no Seixal, por diversas razões, são os seguintes: Kokçu, Marcos Leonardo, Arthur Cabral, Jurasek, Rollheiser, Di María, Gonçalo Guedes, Bernat e Carreras.

E mesmo se quisermos recordar apenas à última época (2024/25), também se chega à conclusão que jogadores como Beste, Amdouni, Kaboré, Renato Sanches ou Belloti nem chegar a passar doze meses no Seixal. Kaboré, aliás, nem meio ano passou.

Por fim, e segundo os dados da plataforma de referência para avaliação de jogadores (Transfermarkt), ao dia de hoje, o que valem os plantéis dos três grandes?

Benfica: 327M
FC Porto: 338M
Sporting: 520M

Claro que, a qualquer momento, Gyokeres irá deixar de constar no plantel dos leões e, nesse momento, a valorização da equipa de Rui Borges baixa de imediato para 450M.

De qualquer forma, há uma pergunta que tem de ser feita: o Benfica é a equipa que mais investe e, ao mesmo tempo, é o plantel com menos valor de mercado e a equipa que menos títulos conseguiu desde 2020? E a culpa morre solteira?