
Fundado a 11 de novembro de 1911, o Lusitano Ginásio Clube viveu esta temporada o que poucos clubes alguma vez viverão: subida à Liga 3 e presença no Jamor para disputar a final do Campeonato de Portugal. Ainda assim, o clube continua longe daquilo que mostrou nos anos 50 e 60 do século passado. Os eborenses contabilizam 14 presenças na primeira divisão mas não estão no mais alto patamar do futebol português há quase 60 anos. O clube que foi apelidado pela imprensa da época como tomba-gigantes da década de 50 tenta, então, reerguer-se. E ambiciona voltar aos campeonatos profissionais o mais rapidamente possível, para mostrar o futebol alentejano ao país inteiro. Lusitano de Évora – do legado histórico à ascensão na Liga 3.
O clube alentejano viveu, recentemente, reviravoltas intensas. Em 2019/20, depois da separação do clube com a SAD, o Lusitano subiu da 2ª divisão da AF Évora para a Liga Elite, mas a pandemia impediu novos progressos em 2020/21. Logo após “garantirem” a subida ao Campeonato de Portugal.
Os eborenses ressurgiram, então, em 2021/22, com a conquista da 1ª divisão da AF Évora. E apesar dos tropeços em 2022/23 (apenas 1 ponto em 6 jogos na fase de subida para a Liga 3) e quase sucesso em 2023/24 (ficando a 3 pontos da fase de subida), a campanha de 2024/25 foi impecável.

Vitorioso em todas as jornadas da fase de subida, o Lusitano garantiu não só o acesso à Liga 3, como também uma vaga na final do Jamor contra o Vitória de Guimarães B, no dia 14 de junho (17h00). Num coletivo forte, existem os jogadores que se destacam com mais evidência. Como é o caso de Miguel Lopes, o íman das fases de subida, que este ano marcou 18 golos e fez 16 assistências (combinados entre campeonato e Taça de Portugal).
Nascido no seio de uma comunidade sedenta por renovação física e cultural, o Lusitano iniciou a sua trajetória em ambientes modestos, disputando partidas em praças e ruas históricas. Um grupo de rapazes, com idades entre os 8 e os 15 anos, fundou o Lusitano de Évora. A conquista do primeiro campeonato de Évora, em 1917/18, e a ascensão dos rapazes fundadores a ícones do clube marcou o início de uma história que se viria a espalhar por todo o Alentejo.

Sediado no Campo Estrela [foto principal], um dos melhores estádios do país na altura, o clube nunca passou despercebido. Em 1931, o Lusitano ‘deu’ o seu primeiro jogador para a Seleção Nacional: Ricardo Sertório Oliveira “Monginho”.
O Lusitano tornou-se um clube primodivisionário depois da conquista da II Divisão nacional em 1951/52, após uma ultrapassagem histórica ao Vitória FC. O histórico de Setúbal dominou da II Divisão praticamente até ao fim mas acabou por quebrar na reta final.

Em 1952/53, depois de assegurarem a subida, os eborenses, que já contavam com o mítico Dinis Vital na baliza – futebolista com mais jogos pelo clube -, reforçaram a equipa com Augusto Batalha (ex-Benfica), o mítico Patalino (vindo de O Elvas, com passagem no Sporting) e José Pedro Biléu (melhor marcador da história do clube que cumpriu a carreira toda na AF Évora, em três clubes distintos). Peças fundamentais para a permanência do clube na primeira divisão – nessa época de estreia, terminaram em 7.º lugar.
Entre 1952 e 1966, o Lusitano brilhou na I Divisão, mantendo-se entre os grandes durante 14 temporadas consecutivas. Consolidando-se, então, como o clube do Alentejo com mais presenças na elite do futebol nacional. Fez jogos memoráveis, incluindo vitórias emblemáticas sobre um Sporting bicampeão e o FC Porto, e alcançou um impressionante 5.º lugar em 1956/57. Disputou ainda as meias-finais da Taça de Portugal em 1952/53 e 1958/59, ambas frente ao FC Porto. Eternizando, então, uma era dourada de reinvenção e superação. Lusitano de Évora – do legado histórico à ascensão na Liga 3.







Armando Roseiro
Esta era a famosa equipa dos anos 50: De pé: Vital, Eduardo (eborense), Vale (argentino), Soeiro (da Moita), Madeira, Paulo.
Em baixo: Pepe, Di Paola (argentino), Teixeira da Silva, Duarte e Domingo.