Diretores desportivos portugueses em alta

Nuno FarinhaNuno FarinhaOpinião de Nuno Farinha5 meses atrás551 Visualizações

Primeiro foram os jogadores. Depois, os treinadores. Agora vive-se o momento dos dirigentes. Neste caso, dos diretores desportivos. Quase sem se dar por isso, a realidade é que Portugal tem hoje diretores desportivos reconhecidos nas principais ligas europeias, em clubes de topo, e ao nível dos melhores profissionais no setor. Gerem orçamentos de centenas (!) de milhões de euros, contratam alguns dos melhores jogadores e treinadores do Mundo, fazem vendas que entram para o ranking das mais altas de cada época e, ainda por cima, ganham e batem recordes.

O melhor exemplo da qualidade do gestor desportivo português será hoje Luís Campos, de 60 anos – com um currículo extraordinário, que conta com passagens pelo topo-poderoso Real Madrid (como scout), mas também pelo Mónaco, Lille, Galatasaray e Celta de Vigo, desempenhando funções diversas, como consultor, coordenador técnico ou diretor desportivo.

Foi um dos responsáveis pelo aparecimento do fenómeno Mbappé, por exemplo, mas também foi decisivo para o Lille se sagrar campeão de França (com Renato Sanches, José Fonte, Tiago Djaló e Xeka) e ninguém se surpreendeu, por isso, que tivesse chegado, pouco depois, ao alto cargo de responsável máximo pelo futebol do Paris-Saint Germain. Foi com ele, por exemplo, que o PSG juntou Messi, Neymar e Mbappé – embora nunca tenha conseguido, até hoje, concretizar o sonho de Nasser Al-Khelaifi, o dono do clube, que há anos persegue a conquista da Liga dos Campeões.

Luís Campos elevou a qualidade do PSG e está na final da Liga dos Campeões

Completar o projeto “PSG”

Os parisienses já estiveram numa final (em Lisboa, em agosto de 2020), mas perderam frente ao Bayern. O diretor desportivo era, então, o brasileiro Leonardo, que pouco depois daria o lugar a Luís Campos. Daí para cá, o PSG ganhou sempre a Ligue 1 e, com a chegada de Luis Enrique (contratado pelo diretor português), o sonho da Champions volta a estar perto: a próxima final está marcada para dia 31, frente ao Inter.

Pode ser, finalmente, o dia em que o projeto de Nasser estará completo. E dele fariam (farão?) parte, para além de Luís Campos, outros portugueses de excelência: Nuno Mendes, Vitinha, João Neves, Gonçalo Ramos e… Antero Henrique (57 anos), dirigente de topo mundial que, embora hoje mais ligado à Liga do Qatar, nunca deixou de ter um papel preponderante na construção de um PSG pensado para dominar a Europa. Foi Antero, aliás, o responsável pela contratação de Neymar – de Barcelona para Paris – que continua a ser, ainda hoje, a transferência mais alta na história do futebol: 222 milhões de euros.

Se o PSG vencer o Inter, na final da próxima Liga dos Campeões, a qualidade e o prestígio dos dirigentes portugueses atingirá o seu ponto mais alto, indiscutivelmente. Mas há outros cargos de relevância já ocupados hoje por diretores desportivos portugueses que confirmam a ideia de que, nesta área, estamos perante um momento único na história do futebol português.

A árdua tarefa de Hugo Viana

Hugo Viana, 42 anos, um dos grandes responsáveis pela nova posição dominante do Sporting no futebol português, foi este ano contratado para um dos cargos mais desejados do futebol mundial: diretor desportivo do Manchester City. Tem a árdua tarefa de ajudar a reerguer aquela que foi equipa mais forte do futebol mundial na última década – vencedora da Liga dos Campeões e autora de um inédito tetra na história da Premier League.

Hugo Viana deu nas vistas no Sporting e rumou ao poderoso Manchester City

O City — o poderoso City de Pep Guardiola — sofreu um apagão inesperado em 2024/25.
Perante o cenário, os donos do clube olharam para Alcochete e acreditaram ter encontrado ali a solução para regressar aos dias de ouro: Hugo Viana. Foi ele, no Sporting, o responsável pela contratação de Ruben Amorim, mas também de nomes como Viktor Gyokeres, Francisco Trincão, Morten Hjulmand ou Ousmane Diomande. Com Viana, o Sporting ganhou campeonatos, taças, supertaças e até chegou a espantar a Europa na Champions League.

Ainda em Inglaterra, num clube com ambições muito diferentes, há um outro diretor desportivo que se destaca: Tiago Pinto. Foi um dos responsáveis pela famosa “Reconquista” do Benfica, em 2018/19, mas viria a deixar a Luz em janeiro de 2021. Destino: Roma. O objetivo era claro: acordar o gigante adormecido.
Com Tiago Pinto ao leme e José Mourinho no banco, a Roma conquistou a Conference League em 2021/22. No ano seguinte, chegou à final da Liga Europa.

Em 2024, numa operação discreta e inesperada, Tiago Pinto foi anunciado como President of Football Operations do Bournemouth — aos 39 anos.

Além disso, assume também responsabilidades nos restantes clubes ligados ao Black Knight Football Club. O grupo norte-americano que detém participações no Lorient, Hibernian, Auckland e, segundo rumores, está perto de controlar o Moreirense.

Tiago Pinto, Mário Branco e outros

Na primeira época com Tiago Pinto como responsável máximo pelo futebol, o Bournemouth bateu o recorde de pontos na Premier League. Sob a liderança do dirigente português, o clube concretizou também a maior venda da sua história: Solanke, para o Tottenham, por 64,3 milhões de euros. Além disso, realizou a maior compra de sempre, ao garantir Evanilson, do FC Porto, por 37 milhões. Entretanto, na semana passada, o Real Madrid anunciou a compra do jovem Dean Huijsen, de 20 anos, por… 60 milhões de euros, o valor que Tiago Pinto tinha exigido que ficasse na cláusula do jogador quando, há menos de um ano, o comprou à Juventus por 18 milhões.

Vale a pena ainda lembrar mais alguns exemplos de diretores desportivos portugueses com trabalho reconhecido no estrangeiro. Mário Branco, 49 anos, tem um vasto currículo que conta com passagens pelo Hadjuk Split, PAOK e, entre outros, o Fenerbahçe, onde se encontra atualmente. Foi campeão na Grécia e na Polónia (Zaglenbie Lubin, como scout) e conta ainda, entre outros troféus, com uma vitória na Taça da Turquia. E já teve o privilégio de trabalhar com quatro dos melhores treinadores portugueses da última década: Marco Silva, Abel Ferreira, Jorge Jesus e José Mourinho. O seu irmão (Américo Branco, 34 anos) também é diretor desportivo e trabalha, atualmente, no Fortuna Sittard (foi 11.º classificado na última edição da Eridivisie).

Futuro garantido

Outros dois nomes a merecer destaque iniciaram-se, tal como Mário Branco, pelo scouting: José Boto e Tomás Amaral. O primeiro (59 anos) está no Flamengo, depois de ter passado por clubes como o Benfica e Shakhtar Donestsk (scout, em ambos os casos), mas também por PAOK e Osijek.

Para já, no Brasil, segue na 2.ª posição, no Brasileirão, atrás do inevitável Palmeiras, de Abel Ferreira. Por fim, Tomás Amaral. Com apenas 34 anos de idade, mas já com passagens por clubes como Benfica, Sp. Braga, Farense, Aves, Granada, Eibar e Valladolid (sempre como scout), aceitou o desafio para assumir um gigante do futebol, o Spartak de Moscovo, como diretor desportivo. A experiência durou um ano e terminou, no final de 2024, por decisão de Tomás Amaral. Teve ainda tempo, para além da reestruturação que lhe foi pedida e que levou a cabo, de contratar dois jogadores que são hoje referências no futebol russo e cobiçados por importantes clubes europeus: Barco (ao River Plate) e Ugalde (ao Twente).

O futuro está garantido.

Deixar uma resposta

Artigo Anterior

Artigo Seguinte

Segue-nos
  • X
  • Craques Youtube
  • Craques Instagram

Fique Informado com as Últimas e Mais Importantes Notícias

Autorizo a receção da newsletter por correio eletrónico. Para mais informações, consulte a nossa Política de privacidade

Segue-nos
Barra Lateral Pesquisar Tendência
Popular
Loading

Signing-in 3 seconds...

Signing-up 3 seconds...