Melidense – a prata da casa que maravilha o Alentejo

Clube fundado em 2003 arrancou da melhor forma na 2ª Divisão da AF Setúbal. É o terceiro ano de um projeto de formação que começa a dar os primeiros frutos. Se dentro das quatro linhas, as vitórias aparecem, fora delas a revitalização do clube, com várias melhorias nas infraestruturas, têm preparado o Melidense para o futuro.

Doze anos depois da única presença na 1ª Distrital da AF Setúbal, o Melidense dá os primeiros sinais de que pode lutar por uma nova presença entre os maiores do distrito. No terceiro ano de um projeto de formação, o presidente Márcio Parreira escolheu o jovem treinador José Guerreiro para orientar uma equipa que bem conhece e os resultados estão à vista. A equipa que orgulha Melides lidera a 2ª Divisão da AF Setúbal ao cabo de quatro jornadas e, mais do que isso, mostra qualidade suficiente para ser um candidato de barba rija à subida. Melidense – a prata da casa que maravilha o Alentejo.

Presidente há 14 anos de um clube fundado em 2003, Márcio Parreira tem trabalhado para ver o Melidense na vanguarda do futebol distrital. Prova disso foi, por exemplo, o investimento feito na melhoria das instalações e infraestruturas do clube, na ordem dos 300 mil euros. Mas a obra merece elogios.

“Adaptámos e construímos novos balneários, criámos uma rouparia, que antes era apenas um contentor com um cadeado, um escritório e uma enfermaria novas. Além disso, a direção, durante o Covid, fez uma cozinha com um bar, num espaço de 150 metros quadrados. E agora acabaram de ser colocadas quatro novas torres de iluminação do campo. Há 43 anos que se andava a mudar lâmpadas no campo”, refere o líder do clube ao Craques.

Um plantel que dá orgulho

Relativamente à equipa, esta já vem com uma forte base de há três anos. O mister Fernando Encarnação fez o que se chama o ‘trabalho das pedras’, pois lançou muitos jovens na equipa principal e aguentou o primeiro impacto. “O primeiro ano foi duro, muitas derrotas. Mas ele soube motivar os miúdos e transmitir-lhes que o tempo das vitórias chegaria. Na época passada, disse-nos que seria o último ano pois já tinha dado muitos anos ao futebol. E pela minha cabeça só passava um nome para assumir a equipa. O Zé Ponce”, confessa Márcio Parreira.

José Guerreiro, ou Zé Ponce no mundo do futebol, fez parte do plantel do Melidense há dois anos, no primeiro ano do projeto. E não podia recusar esta oportunidade. “É claro que tinha todo o gosto em trabalhar com malta por quem tenho um carinho especial. E todos os meus jogadores encararam este projeto com muita ambição. Somos uma família e eu sem eles não sou nada”, explica o jovem treinador, de 31 anos, num exclusivo ao Craques.

O Melidense, apesar das dificuldades de contar com um plantel curto e ter muitos jovens a trabalhar por turnos, arrancou, então, com 4 vitórias no campeonato. Mas é algo que não surpreende José Guerreiro. “Eu sei o que tenho em minha casa. São atletas com uma enorme vontade e capacidade. Muitos deles, provavelmente bem avaliados e no tempo certo, podem chegar a patamares superiores. Não vamos tomar nada por garantido neste campeonato, mas também não nos consideramos inferiores a ninguém”, resume o técnico.

“O presidente é um pai para todos nós”

Quanto ao trabalho do presidente Márcio Parreira, só merece elogios. “O nosso presidente é um pai para todos nós. Ajudou a fundar o clube com o pai. Não tenho palavras para a energia que ele tem depositado no Melidense. Sabemos que o clube não pode pagar salários, mas temos os prémios de jogo. E é interessante ver como conseguimos ser competitivos só com jogadores daqui”, confessa, orgulhoso, José Guerreiro.

Esse facto deixa, também, o presidente orgulhoso. “Só temos dois jogadores que não são do concelho, mas são de Vila Nova de Santo André. São os jogadores que estão mais longe do campo, a 26 kms. Agarrámos estes miúdos e temos uma equipa que é uma autêntica família. Vejo-os a trocar turnos, a fazer ‘trinta por uma linha’ para não faltarem a jogos e treinos. Incrível”, diz.

Projetos em cima da mesa e um plantel especial

Se é verdade que já pensou em deixar a pasta, Márcio Parreira sente-se agora mais motivado do que nunca com esta equipa e já definiu mais objetivos a cumprir no clube. “Há muita coisa ainda por fazer. Queremos construir mais dois balneários, mas também um ginásio. E completar a ruela à volta do campo, parte já está feita, mas temos de a concluir”, atira o presidente.

Relativamente ao plantel, é apenas de 22 jogadores, mas a acrescentar alguém, só mesmo quem possa melhorar realmente a equipa. “Só se fosse um Eder, o que nos ajudou a ganhar o Euro’2016 [risos]… não, estamos muito contentes com este grupo. E temos o nosso goleador lesionado, o Silvinha, mas regressará em breve. Subida? Nunca foi assumida por nós, nem mesmo internamente. Temos, sim, o objetivo de ganhar o próximo jogo. É por aí que queremos ir”, explica Márcio Parreira.

O “trabalho fenomenal” do preparador físico

Uma ideia partilhada pelo treinador. “Não preciso de mais jogadores. Tenho 22 e estou muito feliz com o que tenho. Além disso, temos um preparador físico, o Luís Marques, de 21 anos, que tem sido excelente. E quem sabe se muito do sucesso desta equipa não tem mesmo passado por ele. Tem feito um trabalho fenomenal com os miúdos”, diz José Guerreiro, concluindo com um grande elogio: “Duvido que haja alguém melhor do que ele na 1ª Distrital. Talvez o Vitória de Setúbal tenha um igual e, mesmo assim, duvido muito.”

A concluir, José Guerreiro sente-se orgulhoso da “prata da casa” com que trabalha, mas avisa que o grupo não vai entrar em facilidades: “Não vai haver esse conforto. Temos ganho os jogos, mas ainda na última jornada ganhámos com 10 jogadores desde os 22 minutos. Podem pensar que foi fácil, mas longe disso. Tinha cinco suplentes, três deles tocados e só pudemos, desta vez, lançar dois do banco. Temos de dar tudo o que temos em cada jogo. Pelo bem do Melidense.”