CF Os Belenenses: O quarto grande de Portugal

CraquesCraquesHistóricos em CriseFutebol4 meses atrás763 Visualizações

Um clube histórico que viveu momentos de glória, enfrentou uma queda abrupta e luta para recuperar o posto que lhe foi retirado. Depois da separação do clube com a SAD, em 2018, Os Belenenses tiveram de recomeçar a caminhada pelas distritais e já chegaram a estar na Segunda Liga, em 2023/24.

Fundado em 1919, o Clube de Futebol Os Belenenses rapidamente se afirmou como uma das grandes forças do futebol português. Durante décadas, foi um dos clubes mais relevantes do país, desafiando os chamados “três grandes” e construindo uma identidade própria. O ponto alto da sua história foi em 1945/46, quando conquistou o Campeonato Nacional. Algo que até 2000/01 (época da conquista do campeonato do Boavista), apenas pertencia aos três grandes e ao Belenenses. CF Os Belenenses: O quarto grande de Portugal.

Além do título nacional, os “Azuis do Restelo” conquistaram a Taça de Portugal em 1941/42, 1959/60 e 1988/89, demonstrando uma regularidade competitiva que lhes garantiu um estatuto para poucos no futebol português. A equipa brilhou também em competições europeias, participando na Taça das Cidades com Feira, na Taça UEFA e na atual Liga Europa, enfrentando algumas das melhores equipas da Europa, como o Barcelona, o Bayern de Munique ou o Bayer Leverkusen.

A equipa do CF Os Belenenses que venceu a Taça de Portugal de 1988/89, batendo o Benfica por 2-1

Além destes, o Belenenses foi, então, o clube convidado pelo Real Madrid para inaugurar o seu estádio Santiago Bernabéu, em dezembro de 1947.

A Queda: uma camisola muito pesada nos distritais

Apesar de décadas de sucesso, os primeiros sinais de declínio surgiram nos anos 1980, com a primeira descida à Segunda Divisão (1982). Embora o clube tenha conseguido regressar ao escalão principal, nunca mais voltou a ser o que era. 

A crise agravou-se de forma dramática em 2018, quando se deu o fim do contrato partilhado do Estádio do Restelo e outras divergências entre o clube e a SAD provocaram uma cisão. O Belenenses, que antes competia na Primeira Liga, viu-se obrigado a recomeçar na última divisão da AF Lisboa, bem longe do estatuto que outrora teve.

O Estádio do Restelo passou, então, a ser palco de jogos amadores, e a luta pela recuperação tornou-se uma batalha emocional para jogadores e adeptos, que nunca deixaram de estar presentes em todos os jogos, em todas as divisões. Foram cinco anos, com cinco subidas consecutivas. Um recorde nacional. Desde a reconstrução do clube com o apoio financeiro dos adeptos, à final da Liga 3 no Jamor, onde fez o último jogo antes do regresso aos campeonatos profissionais.

Em termos de comparação de massa adepta, no dia 6 de Janeiro de 2019, houve o B-SAD vs Vitória SC e o Estrela da Amadora vs Belenenses. Um destes jogos passou os 10 mil espetadores e o outro teve 3300 pessoas… E o que lotou o estádio e foi falado por todos no dia seguinte aconteceu, então, na Reboleira.

A Resistência e o Caminho de Volta

Apesar das dificuldades, o Belenenses não desapareceu. Em vez de sucumbir à crise, o clube iniciou um processo de reconstrução, subindo sucessivamente de divisão. O objetivo era claro: regressar ao futebol profissional e recuperar a dignidade perdida. A base de adeptos mantém-se fiel, acompanhando a equipa e defendendo a identidade do verdadeiro Belenenses. 

“A nossa paixão não tem divisão”, escreveram os adeptos mais fiéis da Fúria Azul, numa tarja que costumam utilizar em todos os jogos da equipa azul.

Futuro: Esperança ou Ilusão?

O Belenenses, liderado por Patrick Morais de Carvalho, luta para recuperar o seu estatuto, mas o caminho é árduo e repleto de desafios. O clube poderá um dia voltar a ser o “quarto grande” do futebol português? A resposta dependerá da sua capacidade de reerguer-se e reconquistar o seu lugar na história.

Atualmente está na fase de subida da Liga 3, rumo ao segundo escalão do futebol nacional. Há duas temporadas esteve na mesma posição e subiu, mas não aguentou mais do que um ano na Segunda Liga.

Matateu: o símbolo maior

Nenhuma história do Belenenses estaria completa sem falar de Matateu, um dos maiores jogadores da sua história. Nascido em Moçambique, chegou ao clube em 1951 e rapidamente se tornou um dos avançados mais talentosos e respeitados do futebol português. Com um poderoso remate e um estilo de jogo elegante, foi uma verdadeira lenda do Restelo. 

A lenda Matateu

Durante 13 anos (1951 até 1964), Matateu foi o grande rosto do Belenenses, ajudando a equipa a competir contra os gigantes do futebol nacional. Com 231 golos em 302 jogos, é o melhor marcador da história do clube e um dos primeiros jogadores africanos a deixar uma marca profunda no futebol português e europeu.

Uma das imagens do reestruturado Belenenses é a mascote, o Lucas. O nome e a aparência são uma homenagem a Matateu (Sebastião Lucas da Fonseca) e ao irmão, que também é uma lenda no clube (1954 a 1967), Vicente Lucas. O falecido Pepe e as ‘Torres de Belém’ – alcunha dada ao triunvirato formado pelo guarda-redes Manuel Capela, o lateral Vasco de Oliveira e o central António Feliciano, obreiros do campeonato de 1946/47 – são outras figuras lendárias de um Belenenses que procura, então, reerguer-se na história do futebol português.

Nomes que são, até hoje, relembrados por muitos adeptos no Restelo.

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