O estranho caso do Tottenham – quando ganhar ou ir a finais não dá confiança

CraquesCraquesFutebol4 meses atrás69 Visualizações

Ange Postecoglou foi o último técnico a viver na pele uma tendência curiosa. Nos últimos 40 anos, ir a finais ou, até mesmo, vencê-las não é suficiente para ganhar crédito nos Spurs. Burkinshaw, Pochettino e Mourinho foram vítimas desta tendência no clube londrino.

Quinze dias depois de ganhar a Liga Europa, ao bater o Manchester United de Ruben Amorim por 1-0, Ange Postecoglou foi despedido do comando do Tottenham. Estranho? Só para quem não acompanha a história mais recente dos Spurs. O técnico australiano foi mais uma vítima de uma espécie de maldição que tem afetado os dirigentes do clube londrino e, principalmente, Daniel Levy, proprietário e presidente do clube desde 2001. Mas a história já vem desde 1984, ano em que Keith Burkinshaw guiou o clube à conquista da antiga Taça UEFA e… foi despedido. O estranho caso do Tottenham – quando ganhar ou ir a finais não dá confiança.

Keith Burkinshaw – “Ali costumava haver um clube de futebol”

Burkinshaw com a Taça UEFA. Foto: Shutterstock

Em 1983/84, o Tottenham acabou a, então denominada, First Division em 8º lugar mas chegou à final da extinta Taça UEFA. Bateu o Anderlecht (1-1, 1-1, 4-3 gp) e conquistou a segunda competição europeia mais importante, mas, poucos dias depois, Keith Burkinshaw foi despedido. Questionado sobre a sua saída, o técnico teve uma tirada que ficou histórica. “Ali costumava haver um clube de futebol”, disse, referindo-se ao facto de o clube ter passado a ser cotado em bolsa e visto de forma mais empresarial desde então, com a entrada de novos administradores. A tendência para despedir treinadores que ganharam ou estiveram perto de ganhar algo pelo clube nascia, então, em 1984, fazendo vítima Burkinshaw, que viria a ser treinador do Sporting no final dos anos 80.

Mauricio Pochettino – Nem a final da Champions o salvou

Pochettino guiou os Spurs à final da Champions

Em 2018/19, o Tottenham alcançou a primeira final da Taça/Liga dos Campeões da sua história. E fê-lo com brilhantismo. Ultrapassou Barcelona ou Inter na fase de grupos e eliminou, depois, B. Dortmund, Manchester City e Ajax para chegar à tão desejada final, diante do Liverpool. Autor da proeza? O argentino Mauricio Pochettino, que transformou a equipa a nível competitivo e colocou o Tottenham a disputar troféus: desde logo a Premier League de 15/16, em foi o principal opositor do Leicester na corrida ao título; e depois a final da Champions. Haveria, então, de perdê-la frente ao Liverpool (2-0), mas a consistência da equipa era evidente. Não tanto como a confiança de Levy no técnico. Pochettino saiu, então, por maus resultados cinco meses após a final.

José Mourinho – Demitido a uma semana da final da Taça da Liga

Mourinho foi despedido antes da final da Taça da Liga

Em 2020/21, foi a vez de José Mourinho sentir na pele o estranho caso do Tottenham. Após uma caminhada em que eliminou o rival Chelsea pelo caminho, os Spurs garantiram a presença na final da Taça da Liga, diante do Manchester City de Guardiola. O técnico português tinha, então, uma grande oportunidade para interromper o jejum de troféus do clube, mas… uma má sequência de resultados na Premier League – 5 jogos seguidos só com um triunfo e duas derrotas – ditou o seu despedimento. A pouco mais de uma semana da final da Taça da Liga, Levy demitiu José Mourinho, o que deixou o treinador incrédulo. Resultado? O interino Ryan Mason assumiu o cargo e… perdeu a final (0-1) contra o Manchester City.

Postecoglou – A Premier ‘tramou’ o segundo ano do sucesso

Sensivelmente 40 anos depois do despedimento de Keith Burkinshaw, os comportamentos dentro do clube parecem não ter mudado. O Tottenham fez uma época sofrível na Premier League, mas influenciada, a partir de certa altura, por uma gestão que priorizava a Liga Europa. Postecoglou sentiu muitas dificuldades no campeonato, mas, a partir do momento em que percebeu que não iria descer de divisão, focou-se em duas metas: interromper o jejum de troféus do Tottenham e ir à Champions na próxima época. A conquista da Liga Europa dar-lhe-ia essa dupla possibilidade e o calendário acessível até à final mostrava que o técnico australiano tinha tudo do seu lado. Menos a confiança de Levy. Os Spurs voltaram a encontrar um opositor inglês numa final, mas desta vez, saíram vencedores (1-0). O segundo ano de Postecoglou, dizia ele, trazia sempre um troféu. E trouxe. Mas também o despedimento, 15 dias depois da final.

Para o lugar de Postecoglou, os Spurs já contrataram, então, Thomas Frank. A tarefa é hercúlea. Até porque ganhar troféus ou ir a finais já não é suficiente para manter o cargo. O estranho caso do Tottenham – quando ganhar ou ir a finais não dá confiança.

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