Aos 36 anos, André Santos é um dos futebolistas mais experientes do plantel da Oliveirense e da 2ª Liga. Com passagens por vários clubes, entre os quais, Sporting, U. Leiria, Belenenses, Arouca ou V. Setúbal, o médio jogou 73 minutos na vitória arrancada em Portimão com uma reviravolta – a Oliveirense perdia, então, por 2-0 ao intervalo -, a qual pode vir a ser determinante para o clube de Oliveira de Azeméis ganhar a luta pela permanência. O discurso de André Santos é claro. “Olhem mais para clubes como a Oliveirense”, diz ao Craques.pt, a propósito da seriedade que existe dentro do clube e do projeto que está a ser desenvolvido.
A cumprir a segunda temporada na Oliveirense, André Santos reconhece que o início de época não foi fácil. Uma vitória e três empates nos primeiros 14 jogos levaram, então, a direção do clube, cuja SAD é liderada pelo japonês Nobuyuki Yamagata, a mudar de treinador. E deu-se o clique.
“Chegámos a estar a ganhar 3-0 num jogo e acabámos por perder [1ª jornada, em casa do Penafiel]. Mas depois chegou o mister António Torres Campos, que trouxe estabilidade à equipa, já conhecia o clube e vários jogadores. Apareceu depois aquela vitória em casa do Marítimo, que ninguém esperava, e ganhámos força”, admite André Santos.
Realçando que a equipa “sempre esteve unida”, o médio que despontou ao serviço da U. Leiria em 2009/10, enalteceu, então, a mescla de juventude e experiência que existe no plantel. “É importante haver experiência para ajudar os mais novos. Eu, o Filipe (Alves), o Zé Manuel, o Ricardo Ribeiro, todos ajudamos.”
Em 2022, e com 33 anos, André Santos viu então o Grasshoppers tirar-lhe tempo de jogo para que não renovasse automaticamente e essa atitude deixou-lhe más recordações. Talvez por isso, e após uma época ao serviço do V. Setúbal, o convite da Oliveirense tenha sido… especial.
“Não esperava, mas foram sempre muito leais para comigo. Assinei em 2023 mas na primeira época tive uma lesão longa e não pude ajudar tanto como queria. Fiquei grato ao clube e estava em dívida para com a Oliveirense, pelo que renovei e aqui estou a tentar ajudar o clube a crescer”, explica.
André Santos mostra-se feliz com a decisão de jogar pela Oliveirense e acredita no projeto do clube. E o médio considera, então, que são exemplos destes que devem ser enaltecidos no futebol português.
“Nota-se que o clube tem um projeto sólido para evoluir. Têm construído campos e outras infraestruturas para dar todas as condições a quem defende as cores do clube. E são exemplos destes que dão gosto. Olhem mais para clubes como a Oliveirense. É um clube cumpridor e, apesar de não ser de uma das maiores cidades do país, honra quem cá trabalha. As pessoas têm de começar a respeitar mais os clubes que cumprem”, atira.
Aos 31 anos, e depois de orientar os Sub-19 da Oliveirense, António Torres Campos tornou-se, então, adjunto da equipa principal, assumindo o comando da equipa em dezembro de 2024. Após a estreia a perder em Viseu (1-2), alcançou a primeira vitória ao terceiro jogo, em casa do Marítimo (2-1) e os números, daí para cá, são animadores: 5 vitórias, 3 empates e 7 derrotas. Sendo que ganhou 4 dos últimos 8 jogos e de há 5 jogos para cá só perdeu com candidatos ao título.
“É um treinador que conhece bem a nossa equipa e tem sabido retirar o melhor de nós. As últimas duas vitórias foram contra equipas que também lutam pela permanência e nós fomos capazes de fazer as coisas bem feitas”, diz André Santos, que ainda não tinha pensado num pormenor: ser treinado por alguém mais novo.
“Agora que me pergunta isso, nunca tinha pensado dessa forma (risos). Mas o que importa, acima de tudo, é haver respeito entre todos e é o que acontece. Eu também cheguei a jogar e a ser depois orientado pelo Silas. E houve sempre respeito. Também me deu ‘duras’ quando tinha de dar e bem dadas. O mister António conhece-nos, temos uma ótima relação e é por isso que tem corrido bem”, admite.
A Oliveirense deu, com o triunfo em Portimão, um passo de gigante para a permanência. Mas terá agora de dar seguimento, na próxima jornada, frente ao FC Porto B. Uma vitória deixará, então, a equipa de Oliveira de Azeméis a 1 ponto do lugar de playoff e muito perto da salvação automática.
“Sabemos a importância de ganhar esse jogo e temos de ir com a mesma concentração e determinação que mostrámos no Algarve. Temos de dar seguimento a esse triunfo e estou convencido de que a equipa vai saber dar uma resposta à altura”, afirma André Santos ao Craques.pt, antes de elogiar ainda dois meninos da equipa: “Tenho gostado imenso do Casimiro, surpreende-me a sua qualidade e destreza no remate. Mas também o Mario Junior, que fez o golo da vitória em Portimão. É agressivo, soube esperar pelo timing certo e agarrou o lugar. Mas temos mais jovens de grande qualidade.”
Aos 36 anos, André Santos tem contrato até junho com a Oliveirense, mas pretende continuar a jogar: “Enquanto me sentir bem e útil à equipa, quero continuar a desfrutar dentro de campo. Não penso no fim neste momento.”