Depreende-se que somos influenciados pela sociedade e somos voz ativa na mesma. Mesmo um voto em branco, um voto nulo ou uma abstenção, é uma decisão tomada, pressupõe-se, com consciência e responsabilidade. E tem impacto.
Ao mesmo tempo que devemos ter perceção do que a sociedade nos influencia, também devemos ter consciência do impacto que as nossas ações têm nos pares. Essa consciência, defendo, devemo-la entender como dever universal cívico. Porque não vivemos isolados numa gruta, mas sim num espaço de interação.
Tivemos recentemente várias eleições no país. Umas de carácter legislativo, com abrangência política e social político, outras no âmbito do futebol, com mudanças de direção na Federação Portuguesa de Portugal, na Liga Portugal e mais recentemente na direção da Associação Nacional de Treinadores. Pedro Proença, economista e ex-árbitro, Reinaldo Teixeira, gestor de empresas e ex-delegado da Liga, e Henrique Calisto, político e treinador de futebol.
Para mim, quem se movimenta para assumir a sua responsabilidade na sociedade tem o meu respeito. Cargos exigentes e de enorme responsabilidade.
Muito se tem falado sobre os cursos de treinadores e o número de licenciados aptos para exercer na formação. No entanto, é importante chamar a atenção para o seguinte: ter uma licença não é o mesmo que ter conhecimento. De facto, atribuir uma licença exige critério — tanto na formação como no formador. Além disso, implica uma responsabilidade profunda na forma como o conhecimento é transmitido.
Devemos ser exigentes e rigorosos na definição de conteúdos, na forma da sua expressão, na sua partilha, para podermos exigir aos formandos construção de conhecimento crítico e útil.
Exigência na partilha de informação e conhecimento por parte das instituições e, em sequência, dedicação e responsabilidade da parte dos formandos.
Futebol é muito mais que simplesmente sermos treinadores ou ideia do que se é treinador.
Mas o processo começa bem.
Na recente formação e revalidação da licença UEFA Pro, promovida pela Portugal Football School – Federação Portuguesa de Futebol, em Lisboa, o nível de partilha de conhecimento foi, de facto, muito elevado. Por isso, é fundamental que o momento de revalidação de uma licença seja encarado, por quem o organiza, como uma ocasião de grande responsabilidade. Além disso, exige sensibilidade e compromisso com a qualidade.
Tivemos a presença na partilha de conteúdos com José Mourinho, Roberto Martínez, o Sérgio Conceição, Rui Vitória, Pedro Martins, João Brito (Fisiologia da Seleção A), e ainda com protagonistas do Departamento Médico e Psicológico da Federação, ex-jogadores e jogadoras de Futebol e sempre uma participação ativa de todos os intervenientes.
Discutiu-se, por um lado, o futuro do papel do treinador de futebol. Por outro, abordaram-se questões mais específicas, como o impacto holístico do número de jogos na alta competição ou a relação entre treinador e jogador — e a forma como os atletas veem os seus líderes. São temas que, pela sua profundidade, convidam à reflexão. Além disso, permitem-nos repensar o nosso papel, tanto dentro do jogo como na sociedade.
Dentro da minha ação, os desafios a que me coloco e aqui partilho são permanentes:
1º – O que queremos para a nossa sociedade.
2º – O que fazer para lá chegarmos.
3º – Ação em responsabilidade.
Em Sociedade, estaremos a fazer tudo o que está ao nosso alcance?
Um abraço!
Acácio Santos (Treinador UEFA Pro / Formador UEFA)