O Estádio Capitão César Correia, com capacidade para 7500 espectadores, é um testemunho silencioso de glórias passadas. Ali jogaram nomes sonantes do futebol mundial, como Jimmy Floyd Hasselbaink, Paulo Torres, Beto, Carlos Martins, Jordão ou Lito Vidigal. O Sporting Clube Campomaiorense nasceu a 1 de julho de 1926. E a família Nabeiro, agora através do atual presidente João Manuel Nabeiro, tem sido o pilar fundamental na manutenção desta instituição centenária. Campomaiorense – os galgos que chegaram ao Jamor.
Embora o futebol profissional já não seja o foco principal do clube, o Campomaiorense continua vivo através dos escalões de formação e de múltiplas modalidades como futsal feminino, basquetebol, atletismo e natação. As excelentes instalações, que incluem o Pavilhão Rui Nabeiro e a Clínica Clube de Saúde, mantêm viva a chama de um clube que marcou para sempre a história do futebol português.
O momento mais marcante da história do Campomaiorense ocorreu, então, na época de 1994/95. Quando o então treinador Manuel Fernandes conseguiu o impensável: levar os galgos alentejanos à I Divisão pela primeira vez. Esta subida histórica abriu as portas para cinco épocas na elite do futebol nacional, entre 1995/96 e 2000/01. Exceção feita à temporada 1996/97, o que tornou, então, o clube no último representante do Alentejo a ser primodivisionário.
Durante este período dourado, o Campomaiorense estabeleceu-se como uma força no panorama nacional. A melhor classificação foi alcançada na época de 1997/98, quando terminou em 11.º lugar, com 40 pontos. Demonstrando, então, que os recursos limitados não o impediam sonhar por algo maior. O apoio da família Nabeiro, iniciado no final dos anos 80 do século passado, foi fundamental para esta ascensão que culminaria no maior feito da história do clube.
Se a subida à Primeira Liga foi especial, a época 1998/99 reservou, então, uma surpresa ainda maior. O Campomaiorense tornava-se, então, na primeira equipa alentejana a chegar à final da Taça de Portugal. Numa edição marcada pela saída prematura dos três grandes – o Sporting saiu nos 32avos-de-final (Gil Vicente) e o Benfica e o Porto na ronda seguinte (eliminados por Vitória de Setúbal e Torreense, respetivamente). A 19 de junho de 1999, no Estádio Nacional do Jamor, os galgos defrontaram o Beira-Mar numa final que poucos, ou nenhuns, previram.
Apesar da derrota por 1-0, com golo do alvinegro Ricardo Sousa aos 70 minutos, o Campomaiorense escreveu, então, o seu nome na história do futebol português. E com letras douradas. Esta final representou o culminar de um sonho alimentado durante décadas pelos dirigentes e adeptos do clube alentejano. O feito ganhou ainda mais relevância por se tratar de uma final completamente inesperada, que mostrou a democraticidade do futebol português. Ainda assim, ficou a mágoa de perder a final do Jamor, mesmo com o Beira-Mar a acabar com dois jogadores expulsos – aos 59 e 79 minutos.
O onze dessa final história, o jogo mais importante da história do Campomaiorense, foi o seguinte: Poleksic; Nuno Campos, Marco Almeida e Renê Rivas; Quim Machado, Basílio Marques, Mauro Soares e Rogério Matias; Laelson; Isaías e Demétrios.
Ao longo da sua passagem pela elite, o Campomaiorense atraiu jogadores de qualidade reconhecida. O nome mais sonante foi Jimmy Floyd Hasselbaink, internacional holandês que deixou marca no futebol europeu. Mas outros craques como Paulo Torres, Carlos Martins, Lito Vidigal, Beto, Stanimir Stoilov ou Jordão, entre outros, também honraram as cores verde e branca do clube alentejano.
Nos registos históricos, o brasileiro Juvenal Pereira surge, então, no topo da lista de melhores marcadores de sempre do Campomaiorense, com 55 golos (em 102 jogos). Seguido por Nico e Demétrios, ambos com 23 golos. Fernando Sousa detém o recorde de jogos disputados, com 273 participações.
Após a descida da Primeira Liga em 2000/01, o Campomaiorense jogou a 2ª Divisão mas tomou, então, a decisão de abandonar o futebol profissional, focando-se nos escalões de formação e noutras modalidades. Esta escolha, embora dolorosa, permitiu ao clube manter-se financeiramente estável e continuar a servir a comunidade de Campo Maior através do desporto.
Hoje, o Campomaiorense é um clube eclético que forma centenas de jovens atletas em diversas modalidades. O legado dos galgos que chegaram ao Jamor permanece vivo na memória dos adeptos e na história do futebol português. Provando, então, que com determinação e apoio, mesmo os clubes mais pequenos podem alcançar feitos extraordinários.