
Simão Fonseca é o diretor-desportivo do JD Lajense e um dos grandes responsáveis pelo planeamento de uma temporada brilhante da equipa açoriana, que terminou com a inédita promoção ao Campeonato de Portugal. A ligação ao clube “começou aos cinco anos”, onde foi “capitão em todos os escalões”. O vício pelo Football Manager aumentou nos tempos de pandemia e, depois de várias conquistas virtuais pelo clube partilhadas no Facebook, Simão recebeu um convite para ingressar numa lista candidata à direção do clube. E passou, então, do comando do clube no FM à vida real. O FM foi um trunfo de Simão na subida do Lajense aos Nacionais.

“Entre planear uma época no computador e gerir um clube real existe um mundo de diferença. A maior disparidade está, claramente, na dimensão humana e emocional. No FM, tudo é mais linear: os jogadores aceitam funções, os treinadores alinham-se facilmente e os orçamentos são estáveis. No mundo real, cada atleta tem uma história, cada decisão tem impacto e cada euro tem de ser pensado duas vezes. Aqui, o balneário não é uma aba no menu, mas sim um espaço onde se constrói confiança, onde há problemas pessoais, lesões, sacrifícios e, acima de tudo, relações”, revelou Simão, em exclusivo ao Craques.
A sua entrada na direção teve, então, contornos invulgares, ligados à pandemia e à sua enorme paixão pelo Football Manager.
“Na transição para a época 2020/21, estava na ilha devido à pandemia e, para além do vício no Football Manager, cujas conquistas virtuais pelo Lajense ia partilhando no meu Facebook, fui, então, presença assídua nas Assembleias-Gerais daquela altura. Após alguns impasses, foi eleita a direção para a qual havia sido convidado”, conta ao Craques, prosseguindo. “Numa fase inicial, colaborei apenas com o departamento administrativo. Eu estava em Lisboa mas, como a pandemia me obrigou a ficar por cá mais algum tempo, acabei, então, por vir a crescer dentro da estrutura” explica.

Esta foi a primeira vez que Simão Fonseca, de 26 anos, desempenhou um cargo deste género. Teve de estudar, rodear-se de quem já “andava no terreno” e estar junto de quem o podia ajudar. E foi aí que salientou a importância do treinador Paulo Janeiro.
Depois ter visto um clube “algo acomodado, sem grandes perspetivas de futuro” e falta de “ambição”, sentiu o apelo do técnico. “Ele abriu-me portas, ensinou-me o essencial e deu-me as primeiras ferramentas para poder pensar o clube de forma mais estruturada e profissional. Com ele aprendi a importância de preparar bem cada passo e de não fazer nada de forma leviana”, revela.
Simão admite que “não tinha experiência como diretor desportivo”, mas nunca abdicou de mostrar uma “enorme vontade de fazer bem e de aprender”. Reconhecendo que o Football Manager foi “uma ferramenta formativa”, o jovem diretor-desportivo diz ter desenvolvido “uma visão estratégica e um gosto pelo detalhe”. O que acabou por influenciar, então, diretamente a forma como ajudou a planear o “presente e o futuro do Lajense.”

Em jeito de previsão para 2025/26, Simão Fonseca espera obstáculos numa época bem mais exigente do que esta que agora terminou. Mas diz-se preparado para superar um novo desafio. “Como sócio, vejo o desafio da subida ao Campeonato de Portugal como uma enorme oportunidade, ciente de que o caminho será árduo e exigente. Confio no potencial do Lajense e acredito que, com união e trabalho, conseguiremos fazer da nossa estreia na competição uma história de sucesso. O caminho não será fácil, mas com trabalho, dedicação e um bom planeamento, faremos da nossa estreia no Campeonato de Portugal, um marco importante na história do Juventude Desportiva Lajense”, avisa.
Esta vai ser, então, a primeira vez que o clube das Lajes vai estar no Campeonato de Portugal. A “missão exigente” era o “principal objetivo” do Lajense que apenas disputou “oito vezes no Campeonato dos Açores”. Igualar o recorde de pontos (47) desta liga foi sinónimo de “uma regularidade notável”.
O diretor-desportivo do clube, que está a viver um “marco histórico”, revelou ainda ao Craques que “a conquista da subida ao Campeonato de Portugal representa o culminar de um projeto ambicioso e bem estruturado, que visa consolidar o clube numa competição de maior nível.”

Estrear no Campeonato de Portugal e ser um representante dos Açores exige, então, uma “adaptação exigente”, até porque o “nível competitivo será mais alto, mas será, também, uma oportunidade para o Lajense crescer”. E Simão termina a conversa dizendo o que é, então, necessário para que, daqui a um ano, o Lajense esteja a celebrar outra época de sucesso, neste caso, com a permanência assegurada no Campeonato de Portugal. “Para termos sucesso, será fundamental investir na profissionalização de processos e na preparação meticulosa. Mas também será crucial manter a base que nos trouxe até aqui: a identidade, o espírito de união e o compromisso com a sustentabilidade”, conclui.






