A expectativa era grande e não faltou emoção até ao último minuto do jogo, ainda que nem sempre bem jogado. Na antevisão ao jogo, Bruno Lage afirmou que Samuel Soares seria o titular na baliza encarnada, mas apenas ontem ficou confirmada a ausência do onze inicial de Aursnes e Di Maria. A mudança trouxe Dahl e Bruma de início, mas também um sistema tático que já utilizado algumas vezes esta época. O treinador do Benfica apostou, então, no 3x4x3 que normalmente o seu rival também utiliza.
Rui Borges manteve a estrutura que utilizou nos derradeiros jogos para a Liga e fez uma alteração no 11 que tem utilizado nesse sistema tático. Saiu Diomande, por lesão, e St Juste foi o titular no centro do setor defensivo leonino.
Os minutos iniciais tiveram algum equilíbrio, mas o Benfica, com a estrutura que Bruno Lage trouxe para o jogo, criou desconforto ao Sporting na sua primeira fase de construção. Havia como que um “espelho” da estrutura do Sporting e a aposta no homem-a-homem nos momentos de organização defensiva do Benfica deu conforto à equipa encarnada, que teve sempre o jogo controlado até ao fim dos primeiros 45 minutos.
O treinador do Benfica e a sua equipa técnica planearam e operacionalizaram, na minha opinião, um plano de jogo que surpreendeu o Sporting, criando-lhe dificuldades na sua fase ofensiva do jogo.
A segunda parte começa praticamente com o 1-0 para o Benfica aos 47´. Kökçu, de fora da área, rematou forte num momento de desequilíbrio defensivo do Sporting do seu corredor direito. O Benfica, até aqui, tinha sido uma equipa coesa, determinada em cumprir o plano de jogo estabelecido pelo seu treinador e com níveis de concentração competitiva elevados. Merecia estar em vantagem.
Aos 58´o Sporting faz a primeira alteração: Morita no lugar de Debast. Foi esta alteração que mudou o rumo do jogo? Ou foi o Benfica que perdeu o foco no seu plano de jogo?
Na verdade, progressivamente, o Sporting começa a ter momentos mais prolongados de organização ofensiva e acaba o jogo dominador em todos os dados estatísticos do encontro.
Há, na minha opinião, dois comportamentos coletivos determinantes nesta mudança. O Benfica perdeu capacidade de pressionar o Sporting na sua primeira fase construção e isso levou-o a defender em bloco médio-baixo. Trazendo, então, o adversário para zonas mais próximas da sua baliza. Além disso, a saída de Kokcu (fadiga?) e Pavlidis retiraram capacidade ao Benfica para conectar o seu jogo ofensivo e explorar o seu momento do jogo mais forte: a transição ofensiva.
Do lado do Sporting, os jogadores vindos do banco trouxeram energia positiva ao seu jogo, algo que não aconteceu com os jogadores vindos do banco do seu rival. E é curioso, porque olhando para os dois bancos de suplentes, apostaríamos, à partida, que o Benfica teria armas mais poderosas para trazer ao jogo.
Parece um chavão quando os treinadores falam em família e da importância dos laços que unem os membros de um grupo. O jogo de ontem voltou a sublinhar a importância de todos se sentirem parte da equipa. O empate (1-1) surgiu nos instantes finais do tempo regulamentar e forçou o prolongamento.
Gyokeres converteu uma grande penalidade cometida sobre si próprio.
É verdade que o coletivo será sempre o mais importante, mas o dérbi também se decididiu com pormenores de qualidade individual. O sueco foi determinante na conquista do bicampeonato e ontem voltou a sê-lo na conquista da dobradinha. É injusto não mencionar outros, como Hjulmand ou Trincão.
O capitão e o português (época incrível) foram importantíssimos na conquista de ontem, mas também no desempenho do Sporting. Mas, hoje, permitam-me uma vénia a Di María. Obrigado!