A mais prestigiada competição europeia de clubes foi criada há 70 anos. Foi o jornal desportivo francês L’Équipe quem teve a iniciativa de avançar com uma prova que reunisse os clubes mais populares dos diversos países europeus. Nesta sexta-feira, o jornal fez questão de emoldurar na sua capa alguns dos maiores futebolistas de sempre na prova. Figuras lendárias como Di Stéfano, Johann Cruyff, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Eusébio não podiam lá faltar. Até porque a Champions faz 70 anos… e começou em Lisboa.
O pontapé de saída, no relvado, foi dado cinco meses depois da sua criação e aconteceu em Lisboa, no Estádio Nacional do Jamor no dia 4 de setembro de 1955. O jogo opôs o Sporting ao Partizan de Belgrado e terminou empatado 3-3.
Em março de 1955, depois de uma das primeiras reuniões da UEFA, surgiu o que viria a ser a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Os representantes da entidade fundada menos de um ano antes queriam, então, uma competição de seleções e colocavam de lado a hipótese de jogar-se entre clubes.
Os jornalistas do L’Équipe, liderados por Gabriel Hanot, já tinham idealizado este torneio entre clubes e apresentaram, então, um formato para ser jogado nas noites de quarta-feira. Nesta proposta, o L’Équipe mostrou que os participantes seriam convidados com base na popularidade, e não como viria a ser mais tarde, com os campeões nacionais a serem os participantes.
Nos dias 2 e 3 de abril, do mesmo ano, representantes de 16 clubes juntaram-se em Paris, local onde aprovaram as regras concebidas pelo desportivo francês. Numa outra reunião, em Londres, dia 8 de maio, o Comité Executivo da FIFA aprovou a competição desde que fosse a UEFA a organizar e que as federações nacionais autorizassem os clubes a participarem em jogos além-fronteiras. A FIFA viu as suas propostas aprovadas em junho de 1955.
Ao longo dos tempos, muitos clubes se afirmaram nesta prova, fazendo, então, dela a principal montra do futebol Europeu e uma das competições mais vistas em todo o mundo. No que diz respeito aos emblemas portugueses, Benfica e FC Porto, com duas conquistas, têm nos seus museus a desejada taça.
Benfica
Os encarnados foram bicampeões em 1960/61 e 1961/62. Escreveram história de forma consecutiva. Num plantel recheado de alguns ‘monstros sagrados’, destaque para Mário Coluna ou José Águas. Foi nesta altura que surgiu em jovem em ascensão, Eusébio. Mas podem ainda referir-se nomes como António Simões, Cavém, Germano ou Costa Pereira.
A primeira vitória aconteceu em 1961, com o Benfica a derrotar na final um favorito Barcelona por 3-2. Pelo caminho ultrapassaram o Hearts (Escócia), Újpest Dózsa (Hungria), AGF Aarhus (Dinamarca) e o Rapid de Viena (Áustria).
Em 1962, os encarnados voltaram a vencer derrotando desta vez o Real Madrid. Para chegar à final tiveram de passar pelo Áustria de Viena (Áustria), o Nuremberga (Alemanha) e o Tottenham (Inglaterra). Na final, as águias venceram por 5-3, com golos de Águas, Cavém, Coluna e dois de Eusébio.
Os dragões também venceram, então, duas vezes esta competição. A primeira em 1987, em Viena, e a segunda em 2004, em Gelsenkirchen.
No final dos anos 80, os azuis e brancos derrotaram, então, o Bayern de Munique (2-1) e sagraram-se campeões europeus pela primeira vez. Ao comando de Artur Jorge, destacaram-se jogadores Paulo Futre, Madjer ou João Pinto. Nessa campanha ultrapassaram o Rabat Ajax (Malta), FC Vítkovice (Chéquia), Brondby IF (Dinamarca), Dínamo Kiev (Ucrânia) e o Bayern de Munique.
Já no novo século, o FC Porto voltou ao topo da Europa, mas desta vez com José Mourinho ao leme. A final jogada na Alemanha, frente ao Mónaco e terminou 3-0. As estrelas azuis e brancas eram então Vítor Baía, Jorge Costa e Deco.
No caminho do FC Porto estiveram o Partizan (Sérvia), Real Madrid (Espanha), Marselha (França), Manchester United (Inglaterra), Lyon (França) e Deportivo (Espanha) até encontrarem os monegascos na final.
Parabéns Taça dos Clubes Campeões Europeus, a velhinha Champions que faz 70 anos… e começou em Lisboa.