O Benfica tem uma longa tradição de acolher jogadores argentinos de grande qualidade. Entre os que partilham não apenas a nacionalidade, mas também o nome, destacam-se Enzo Pérez, Enzo Fernández e o recém-chegado Enzo Barrenechea. Embora se tenham destacado com atuações na mesma zona do terreno, os três médios possuem características e trajetórias distintas.
Enzo Pérez chegou à Luz em 2011, proveniente do Estudiantes de La Plata, onde era uma das grandes figuras. Chegou como médio-ala, jogando preferencialmente pela direita. Mas não se adaptou. Nem ao estilo de jogo de Jorge Jesus, nem a Lisboa. Seis meses depois voltou, por empréstimo, ao Estudiantes. Mas não desistiu. Nem ele do Benfica, determinado, então, em convencer e fazer carreira na Europa, nem o Benfica dele. No final de um treino na pré-época 2012/13, Jesus chamou-o à parte: “Vais mudar o teu estilo de jogo e vou fazer de ti um craque”, disse-lhe, então.
O resto é história. A partir daí destacou-se, então, como um médio versátil, capaz de atuar como organizador ou como elemento de transição. Foi peça fundamental no meio-campo de Jorge Jesus, ficou conhecido pela sua inteligência tática, capacidade de passe e equilíbrio entre tarefas defensivas e ofensivas. 117 jogos realizados, com dez golos marcados e 13 assistências fizeram dele um jogador que valeu encaixe de 25 milhões de euros, pagos pelo Valência, da Liga espanhola, em Janeiro de 2015.
Embora tenha passado apenas meia época no Benfica (2022/23), comprado, então, ao River Plate, demonstrou qualidades de médio moderno. Com excelente visão de jogo, chegada à área e capacidade de decisão, destacou-se rapidamente sob o comando de Roger Schmidt. Bastaram-lhe 29 jogos, quatro golos e seis assistências para a Europa ficar surpreendida com a sua irreverência.
Chamado à seleção da Argentina para o Mundial do Catar, onde foi uma das figuras do campeão do mundo, voltou já convencido a mudar-se para o Chelsea com um contrato milionário, com os londrinos a pagarem a cláusula de rescisão de 120 milhões de euros.
Verdade que apresenta um perfil distinto dos seus, então, antecessores: assume funções mais defensivas, impondo-se pela forte presença física, mais voltado para tarefas de destruição de jogo, cobertura defensiva e recuperação de bola, daí D. Enzo III, o recuperador. É menos ofensivo, tendo a responsabilidade de impor estabilidade ao setor intermédio encarnado. Antes de chegar ao Benfica, passou por Newell’s Old Boys, Sion, Juventus, Frosinone e Valencia, acumulando mais de 120 partidas profissionais em Itália e Espanha, onde foi um dos destaques em Valência na temporada passada. Chega para concorrer com Florentino, dono do meio-campo encarnado quase em exclusivo nas duas últimas temporadas.
A entrada do novo Enzo ao plantel de Bruno Lage abre uma nova página nesta curiosa coincidência, mostrando que, no Benfica, o nome Enzo continua a ser sinónimo de qualidade e potencial para o meio-campo.