No António Coimbra da Mota, os responsáveis do Estoril parecem ter produzido uma mina de laterais-direitos de enorme potencial. A verdade é que nas últimas três épocas, quem alinhou a lateral-direito na equipa canarinha acabou por dar nas vistas e confirmar o salto para um campeonato mais competitivo. O caboverdiano Wagner Pina é o mais recente exemplo de um defesa-direito que despontou no clube da Linha e deu o salto no fim da época. Obrigando o Estoril, pelo terceiro verão consecutivo, a encontrar uma solução para a posição. Há uma mina de laterais-direitos no Estoril. E boa parte dos clubes europeus é rápida a agir.
O primeiro caso de sucesso foi vendido, no verão de 2023, ao Lille por 6,5 milhões. Falamos, então, de Tiago Santos que, aos 20 anos, e apesar dos rumores do interesse do Benfica, emigrou para França após uma excelente época nos canarinhos: 35 jogos e 8 assistências em todas as competições. Foi, na altura, reforço do Lille de Paulo Fonseca e estabeleceu-se como uma das peças-chave da equipa, apesar de tenra idade. Tem vindo a evoluir de forma consistente e, segundo a plataforma de mercado Transfermarkt, é um dos alvos do AC Milan para este verão.
O segundo caso não trouxe retorno financeiro ao Estoril porque Rodrigo Gomes esteve, então, no António Coimbra da Mota cedido pelo SC Braga. Mas o lateral/ala direito teve um impacto ainda maior do que Tiago Santos. Em 2023/24, Rodrigo fez 36 jogos pelo Estoril, nos quais apontou 9 golos e fez, ainda, 8 assistências. Para isso, muito contribuiu o 3x4x3 implementado por Vasco Seabra, dando ao lateral/ala uma propensão mais ofensiva. Rodrigo aproveitou a oportunidade e ‘explodiu’, ao ponto de não ter voltado a Braga. Surgiu o interesse do Wolverhampton e o ala rumou, então, a Inglaterra.
No verão de 2024, saiu Rodrigo Gomes e assumiu Wagner Pina [foto de topo], lateral caboverdiano que há havia alternado os Sub-23 e a equipa principal do Estoril em 2023/24. O defesa-direito africano ‘pegou de estaca’ na equipa de Ian Cathro e fez uma época de alto nível. Wagner Pina fez 31 jogos, nos quais apontou 2 golos e assinou 4 assistências. Após um arranque a meio-gás, Pina ‘disparou’ para boas exibições, acompanhando, então, o ritmo competitivo de um Estoril que ficou à beira da qualificação europeia. A consequência dessas exibições apareceu agora. O lateral caboverdiano, de 22 anos, assinou pelos turcos do Trabzonspor, que por ele pagaram 3 milhões de euros ao Estoril.
Esta mina de laterais-direitos do Estoril tem passado à margem da atenção dos maiores clubes portugueses. Mesmo que tanto Sporting, como Benfica e FC Porto, não tenham assim tanta qualidade nem profundidade na posição. Ainda assim, o mais bem fornecido será mesmo o bicampeão nacional que, a jogar num 3x4x3 bem oleado, ali tem utilizado Geny Catamo ou Quenda, alterando ambos como alas-direitos da equipa de Rui Borges.
Já Benfica e FC Porto têm sentido muitas dificuldades em estabilizar um lateral-direito no onze. Nos encarnados, só Bah é ltareal-direito de raiz e passou grande parte da época lesionado, obrigado, ora Schmidt ora Bruno Lage a improvisar Aursnes ou, a espaços, Tiago Gouveia na posição. Mas sem bons resultados, diga-se. Quanto ao FC Porto, João Mário parece ser o habitual dono do lugar mas não apresenta a consistência necessária para desfazer dúvidas quanto ao futuro e, na sua sombra, está, então, o jovem Martim Fernandes. Que, com Anselmi, até jogou várias vezes a central do lado direito.
Com tão bons laterais a deixar o Estoril época após época, o que também revela o bom trabalho desenvolvido pelos treinadores do clube, os grandes têm estado ‘a dormir’. Os talentos vão saindo para o estrangeiro quando poderiam ser apostas em Portugal.