A competição que decorre nos Estados Unidos não parece ter o ‘glamour’ suficiente para alterar a tendência atual – que aponta claramente para dois jogadores do PSG: Vitinha e Dembelé. Por Mundial mais extraordinário que venham a fazer jogadores do Manchester City, do Bayern Munique ou até do Real Madrid, é praticamente impossível que o peso desta prova seja capaz de ‘desviar’ a Bola de Ouro, que só faz sentido, ao dia de hoje, nas mãos de Vitinha ou de Dembelé.
Debateu-se durante muitos anos se a escolha para o melhor do Mundo dependia, ou não, de vitórias coletivas. Teoricamente, não. O prémio foi criado para o melhor jogador do Mundo e não para a melhor equipa do Mundo. Acontece que, historicamente, o escolhido foi sempre – ou quase sempre – a estrela maior de equipas que ganharam mais títulos ou, pelo menos, os mais importantes.
Ora, na temporada que está a chegar ao fim, não houve nenhuma equipa que ganhasse tanto (e tão bem) como o Paris Saint-Germain: campeão de França, vencedor da Taça de França e também da Supertaça de França. Para além disso, este mesmo PSG venceu a Champions League e fê-lo com a maior goleada (5-0, ao Inter) jamais vista numa final desta prova – depois de ter eliminado, a partir dos oitavos-de-final, três respeitáveis equipas da Premier League: Liverpool, Aston Villa e Arsenal.
Mesmo assim, já com quatro títulos em 2024/25, o PSG entrou imperial neste Mundial de Clube, aplicando um impressionante corretivo ao Atlético de Madrid (4-0) logo na 1.ª jornada e dizendo, desta forma, que não foi aos Estados Unidos em ‘modo tournée’ de final de época.
Não é possível encontrar uma equipa que tenha um registo, sequer, comparável ao que estão a fazer os parisienses. Diria que o Barcelona, de Hansi Flick, fez também uma época sensacional, vencendo La Liga, a Copa do Rei e a Supertaça de Espanha. Ainda para mais, nas três competições, o Barça passou sempre a ‘ferro’, em todas elas, o rival Real Madrid – a quem marcou 16 (!) golos em quatro jogos.
Ora, com tudo o que o Barça fez nas provas internas, o mais natural seria considerar Lamine Yamal, esse prodígio de apenas 17 anos, como sério candidato à Bola de Ouro. E, eventualmente, até é. O ‘problema’ de Yamal é que, na parte final da época, deixou escapar dois títulos que Vitinha… conquistou: a Champions League, já referida, mas também a Liga das Nações.
Ou seja, o médio português soma já 5 troféus (Campeonato, Taça, Supertaça, Champions e Liga das Nações), podendo ainda – quem sabe – juntar-lhe o Mundial de Clubes. A corrida pela Bola de Ouro já só faz sentido, julgo, com Dembelé, a quem também faltou, tal como a Yamal, a Liga das Nações.
O ‘maestro’ de Luis Enrique está no ponto perfeito de maturação e é, aos 25 anos, um jogador total, sem pontos fracos: cria, assiste, marca, passa, dribla, recupera e, sobretudo, gere o ritmo daquela que é, a longa distância, a melhor equipa da atualidade. Não há nada que se possa apontar, hoje, ao jogo de Vitinha. Melhorar o quê? Impossível.
Depois de Eusébio (uma vez), Luís Figo (uma vez) e Cristiano Ronaldo (cinco vezes), Vítor Machado Ferreira – o Vitinha de Santo Tirso, filho de Vítor Manuel – é um fortíssimo candidato a ser o 4º português a vencer a Bola de Ouro. Merece. E, como disse, nem é preciso, para isso, que o PSG vença o Mundial de Clubes. Mas se o vencer, então, nesse caso, o melhor é deixá-lo levar já o prémio para as férias.