A “ansiedade, o nervosismo e a incerteza” de quem ainda não tem clube

CraquesCraquesFutebol3 meses atrás212 Visualizações

Duas histórias, um objetivo comum. Júlia Becker, do Brasil, e Chloe Gorman, dos Estados Unidos, são as únicas jogadoras estrangeiras no primeiro Estágio da Jogadora do Sindicato dos Jogadores, em Portugal. Ambas procuram um novo clube na Europa, enfrentando a “ansiedade, o nervosismo e a incerteza” de um futuro ainda por definir. Este estágio representa uma oportunidade crucial para se manterem ativas e visíveis no competitivo mundo do futebol feminino. Esta é a primeira de algumas entrevistas do Craques.pt junto do Sindicato dos Jogadores.

Júlia Becker, defesa brasileira de 25 anos, e Chloe Gorman, defesa norte-americana de 31 anos, partilham mais do que a zona do campo. Ambas deixaram os seus países de origem em busca de oportunidades no futebol europeu, mas encontram-se agora numa fase de transição: estão sem clube para a próxima temporada. O Estágio da Jogadora, promovido pela primeira vez em Portugal, pelo Sindicato dos Jogadores, surge como um porto seguro, oferecendo-lhes a “estrutura” necessária para manterem a forma física e a esperança de um contrato.

A descoberta do sindicato

Chloe Gorman, que já tinha experiência em Portugal, tendo jogado no Estoril Praia de 2018 a 2022, viu no projeto do Sindicato uma oportunidade para regressar ao país e encontrar um novo clube. “Já tinha jogado aqui em Portugal antes de ter ido para outros lados e quis voltar. Depois vi que este projeto era uma grande oportunidade para encontrar um clube cá”, revelou.

Chloe Gorman jogou no Aalborg, da Dinamarca, na última época.

Júlia Becker, por outro lado, chegou a Portugal vinda da Lituânia, onde jogava no MFA Zalgiris. A sua decisão de vir para um país “mais quente” e com melhores “condições de vida” foi crucial. “Recuso-me a jogar na neve de novo, mas quero continuar na Europa. Não quero voltar para o Brasil. E pensei: ‘Vou para Portugal, que pelo menos, é quente’”, afirmou Júlia. Ela acrescentou: “Vim para cá e só me falta encontrar um clube. Entrar nas equipas que já estão a treinar era difícil, então vi aqui uma alternativa para continuar a treinar e estar em forma para quando a oportunidade surgir.”

As dificuldades e a ansiedade da incerteza

Ambas as jogadoras partilham a ansiedade e a incerteza de não terem um clube para a próxima temporada. Júlia Becker menciona que, apesar de Portugal ser mais acolhedor que os países frios onde jogou anteriormente (Bulgária e Lituânia), vê “este período com muita ansiedade e angústia de querer estar a jogar e a treinar. Além das questões financeiras, claro.”

Júlia Becker procura a primeira experiência em Portugal.

Chloe Gorman ecoa este sentimento, destacando que “a ansiedade, o nervosismo e a incerteza de não saber se vamos jogar ou treinar” são as maiores dificuldades. A norte-americana também sublinha a necessidade de encontrar uma fonte de rendimento: “Ao mesmo tempo que não temos clube precisamos de dinheiro para sobreviver e estar em casa é pior, porque ainda não tenho outro trabalho.”

O apoio fundamental do sindicato

O Sindicato dos Jogadores tem desempenhado um papel, então, crucial na vida de Júlia e Chloe. Júlia Becker salienta que “o Sindicato faz um trabalho muito importante para as atletas que querem continuar ativas, mesmo sem clube. Toda a estrutura que o Sindicato oferece dá um sentimento de pertença. Nós sentimos que há esperança para evoluir para quando a oportunidade chegar estarmos bem.”

Chloe Gorman concorda, afirmando que o Sindicato “ajuda a estar pronta e a treinar regularmente. Tenho mais apoio e visibilidade.” Ambas as jogadoras reconhecem, então, que o estágio é uma iniciativa valiosa para aquelas que enfrentam um período de incerteza na carreira.

O panorama das colegas e a visão de Júlia sobre o brasil

Embora Júlia Becker não conhecesse nenhuma das colegas no estágio, Chloe Gorman já tinha contacto com algumas por ter jogado em Portugal, e sabe que “muitas delas já têm clube para a nova temporada.” Esta realidade contrasta com a situação de Júlia e Chloe, as únicas estrangeiras no estágio e ainda sem contrato.

A maioria das jogadoras no Estágio já tem clube, ao contrário de Júlia e Chloe.

Júlia Becker explica a sua relutância em regressar ao Brasil, focando-se na qualidade de vida que a Europa oferece. “É mais a questão da qualidade de vida. A Europa oferece uma qualidade de vida melhor que o Brasil”, afirmou. Ela distingue a sua situação da das grandes jogadoras brasileiras que vêm para a Europa já com uma estrutura e salários elevados: “Quando elas vêm, já têm uma estrutura melhor, um bom salário. Vêm para ser apenas jogadoras. Vêm como profissionais.”

Para Júlia, e para muitas outras jogadoras de escalões mais baixos, a saída do Brasil para mercados secundários na Europa é uma questão de sobrevivência e procura por melhores condições, mesmo que não seja o topo do futebol mundial: “As jogadoras, que eu conheço, e que saem dos escalões mais baixos do Brasil e vão para outros países acabam sempre em mercados secundários, como na Geórgia, Lituânia ou Roménia, como meio de sobrevivência.”

Deixar uma resposta

Segue-nos
  • X
  • Craques Youtube
  • Craques Instagram

Fique Informado com as Últimas e Mais Importantes Notícias

Autorizo a receção da newsletter por correio eletrónico. Para mais informações, consulte a nossa Política de privacidade

Segue-nos
Barra Lateral Pesquisar Tendência
Popular
Loading

Signing-in 3 seconds...

Signing-up 3 seconds...